Não há mais caminho a qual minhas pernas possam levar
Ora...
Que belo suporte é para minhas costas
Continuas sendo a única a reinar aqui
Sozinha, sem frutos, mas junto com tuas folhas e galhos
É viva, abrigo dos pássaros
Quando eu era criança, lhe via como um gigante
E por mais que o tempo ande como gigante continuo a lhe ver
Parece que tens toda sabedoria e paciência
Parece fazer fluir de todo ser sua inocência
As mãos com a qual ousei lhe escalar
Hoje mal consigo controlar, tremem
Se rendem com o peso da sua própria vontade
Mas sou grato a elas, assim como sou as minhas pernas,
Pois com elas persegui aquilo que almejava,
Com elas alcancei, e colhi dos frutos a qual plantará
Em meio a esse resto de dia
Em meio a esse resto de sol
Que na extensão do céu um vermelho e laranja erradia
Tua sombra parece me abraçar
Teu abraço parece me acalmar
Se antes tal abraço eu via como um descanso para o amanha
Vejo agora um Adeus, para o descanso que não ira cessar
O tempo não me deu raízes para como você, permanecer de pé,
Mas enraizou lembranças que permanecem tão firmes quanto você
Já não sei se são minhas vistas a escurecer
Já não sei se são as cores do céu a se perder
Mas antes que não haja palavras, nem força, nem cor
Antes que junto ao sol, minha vida venha a se por
Agradeço-lhe, por me servires de sustento
Por deixar que o solo a qual tua sombra mora
Seja agora o meu leito
Obrigado por estar do lado
Desse velho, que feliz chora no momento
Em que sua vista se escurece
Enquanto aprecia uma folha sua
Que lentamente cai, enquanto dança no vento.
Jorge Palucci
Rev. Roberta Mendes